Cuidado integral que transforma: a importância da assistência espiritual para pacientes no ambiente hospitalar

Assistente espiritual do Hospital São Lucas da PUCRS, Matheus Jardim, explica como o atendimento auxilia no tratamento de pacientes 

 

Você sabe a diferença entre espiritualidade e religião? Essa talvez seja uma das muitas perguntas que mais norteiam o trabalho da assistência espiritual que é realizada no Hospital São Lucas da PUCRS. A espiritualidade é uma dimensão humana, assim como a questão emocional, biológica e social, que tem relação com os questionamentos que são feitos ao longo da vida e a busca pelo sentido. Já a religião é uma parte da espiritualidade, que fornece respostas para essas perguntas de diferentes formas, tendo pessoas que escolhem alguma crença determinada a seguir e outras que não correspondem às respostas fornecidas e decidem por seguir o caminho da espiritualidade sem rótulos definidos.  

Para o assistente espiritual do HSL PUCRS, Matheus Jardim, a busca por um sentido é o que norteia as pessoas para além do que acontece na vida e por isso é importante abordar o assunto da espiritualidade. “Nós temos um olhar que transcende, que olha além do que as coisas são de verdade e por isso que o ser humano precisa ter esse olhar, pois a espiritualidade é essa dimensão”, explica.  

No Hospital São Lucas da PUCRS, a assistência espiritual é um cuidado direcionado para os pacientes, familiares e colaboradores que tem a dimensão espiritual fragilizada ou necessidade de cuidados. “Quando estamos em uma internação hospitalar, podemos passar por momentos difíceis na vida e nos questionarmos sobre muitos assuntos. Neste momento, a assistência espiritual pode ajudar, acolher, identificar sintomas e estar disponível para auxiliar na busca por sentido”, complementa Jardim.  

 

Atuação integrada às necessidades do quadro clínico  

Em um trabalho multidisciplinar, a equipe assistencial e clínica que acompanha o paciente identifica, às vezes, demandas relacionadas à dimensão espiritual e solicita uma consultoria com a assistência espiritual. A partir disso, é realizada uma avaliação do quadro a fim de promover o cuidado por meio de um plano de cuidado, registrado no prontuário do paciente, para que as equipes também possam ser sinalizadas das evoluções desta dimensão, para além da física. Esse atendimento acontece por meio de um diálogo individual e personalizado de acordo com a vivência de cada paciente, podendo ter a presença de líderes religiosos em caso de solicitação do paciente, uma vez que a assistência espiritual também tem esse papel de intermediar o contato.  

Matheus destaca que a espiritualidade nunca vai ser olhada de uma forma separada do quadro clínico de um paciente ou de seus familiares, mas sim de forma integrada a todo atendimento. “A espiritualidade também é a forma como nós nos conectamos com as coisas e como nós nos relacionamos de uma forma mais profunda. Então, isso também tem relação de como eu me conecto comigo mesmo ou com as pessoas que convivem comigo, com a minha comunidade, com o momento, com a natureza, e com uma comunidade sagrada”, ressalta.  

Desta forma, o trabalho da assistência espiritual é importante para integrar essa dimensão do ser humano por completo, dentro de um plano de cuidado integral, que valoriza a dimensão física e espiritual. “Na área da Saúde, costumamos olhar para o ser humano como um ser biopsicosocioespiritual e aqui no Hospital São Lucas temos esse cuidado multiprofissional para todas essas dimensões. Então, quando nós temos um assistente espiritual, nós temos alguém que corresponde a esse cuidado dessa dimensão”, comenta Matheus.  

 

Aprendizagem contínua 

Em constante aprendizado, no mês de novembro o assistente espiritual participou do curso Espiritualidade e Saúde - Ética do Cuidado: teoria e prática, realizado na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). O objetivo da qualificação foi conhecer e diferenciar os conceitos de espiritualidade, religiosidade e religião, e cuidado espiritual em cuidados paliativos, além de refletir sobre a ética do cuidado como uma abordagem abrangente e aplicar um modelo de cuidado espiritual para auxiliar pacientes em cuidados paliativos e aqueles que estão vivenciando luto e perda.  

“Foi um momento importante para refletir sobre decisões éticas considerando valores e crenças espirituais/existenciais de pacientes e familiares e de aplicar, na prática, o modelo de processo integrado de perda e luto”, explica. “A qualificação constante na área da assistência espiritual permite o embasamento científico para os atendimentos, além de qualificar a nossa atuação com maior aperfeiçoamento teórico e técnico”, finaliza Jardim.