Coronavírus: entenda quais medidas são importantes para evitar a disseminação do vírus
Identificação precoce de casos suspeito é o principal cuidado
neste momento / Foto: Gerd Altmann – Pixabay
No fim de 2019, foi descoberto um novo agente do coronavírus – família de vírus que causam infecções respiratórias. Os casos do chamado novo coronavírus (nCoV-2019) foram registrados inicialmente na China, mas, devido à transmissão acontecer através de contato pessoal ou com objetos e superfícies contaminadas, a doença acabou chegando a outros países.
No Brasil, não há nenhum caso confirmado do coronavírus, mas o
Ministério da Saúde decretou emergência na saúde pública, com o objetivo de facilitar as ações de combate ao vírus. Essa decisão pode causar muitas dúvidas sobre a necessidade de se tomar alguma medida preventiva e o real risco de a doença chegar ao País. Para esclarecer essas questões, conversamos com o chefe do serviço de Infectologia do
Hospital São Lucas (HSL), Fabiano Ramos. Confira:
• O que é o coronavírus?
A família de vírus coronavírus foi identificada primeiramente na década de 1960 e recebeu este nome porque foram encontradas, na sua superfície, espículas que lembram uma coroa (do latim, corona). Este novo vírus trata-se de uma variante do coronavírus, identificado após uma série de casos de infecção respiratória na cidade chinesa de Wuhan.
• Quais os sintomas?
Os sintomas incluem febre, tosse e dificuldade respiratória. Os infectados podem apresentar sintomas de infecção respiratória leve, como um resfriado comum, até síndromes respiratórias agudas graves, o que pode levar a insuficiência respiratória.
• O que define um caso como suspeito de coronavírus? Como é feito o diagnóstico do paciente?
Neste momento, um caso suspeito é definido por uma pessoa que apresente sintomas respiratórios associados a febre e que tenho vindo de um país onde já foi detectada a circulação do vírus ou que tenha tido contato com alguém com infecção confirmada ou suspeita de coronavírus. O diagnóstico é realizado pela pesquisa do vírus em secreção respiratória. Atualmente, a confirmação diagnóstica leva em torno de três a quatro dias.
• Atualmente, há alguns casos suspeitos em avaliação no Brasil. Se algum deles for confirmado, quais medidas precisam ser tomadas para evitar a transmissão do vírus?
O paciente deve ser colocado em isolamento por pelo menos 14 dias e as pessoas com quem teve potencial contato devem ser monitoradas.
• O Hospital São Lucas estaria preparado para receber um paciente com suspeita de coronavírus?
Estamos preparados e em constante contato com as autoridades responsáveis no combate ao coronavírus.
• O governo decretou emergência na área, o que pode alarmar a população. Quais cuidados são realmente importantes até esse momento?
Neste momento, a identificação precoce de casos suspeitos é o principal cuidado, para que uma eventual disseminação do vírus possa ser contida.
• Os casos de coronavírus já caracterizam uma epidemia ou uma pandemia? Qual a diferença entre uma e outra?
Os termos surto, epidemia e pandemia podem ser utilizados para doenças novas ou já conhecidas. Normalmente, a denominação de surto se designa a uma doença que está acometendo um grande número de indivíduos em determinada cidade, bairro ou local bem delimitado. Epidemia é quando esta localização já não costuma ser bem delimitada e muitas pessoas estão apresentando a doença. E pandemia é definida quando esta doença causa epidemias em vários países, continentes ou em todo o mundo. No momento, o coronavírus é considerado uma epidemia.
• Algumas pessoas comparam o coronavírus com o vírus H1N1. Existe alguma semelhança entre os dois casos? É possível que o coronavírus chegue ao Brasil com a mesma intensidade que o H1N1?
Apesar de poderem apresentar sintomas muito parecidos, os dois vírus são diferentes. Em 2009, quando o H1N1 causou uma pandemia, além da agressividade hoje conhecida, tratava-se de um vírus diferente dos circulantes nos últimos 50 anos, o que deixava a população mais vulnerável e sem “anticorpos” protetores. Talvez essa possa ser a maior semelhança entre eles, uma vez que um novo coronavírus está causando infecção em pessoas sem contato prévio com vírus parecidos anteriormente e sem nenhuma imunidade.
• Que cuidados as pessoas que vão viajar para a China precisam ter?
Atualmente, está ocorrendo uma grande circulação viral e há mais de 24 mil pessoas diagnosticadas com coronavírus, especialmente na China. Por esse motivo, não há como garantir uma viagem segura e sem risco de contrair infecção viral. Caso a viagem seja inevitável, utilizar máscara, higienizar as mãos com álcool gel e evitar aglomerações são medidas que podem reduzir esse risco.